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sábado, 16 de abril de 2011

A disputa pela nova classe média política

Por JB Costa, no LNO


Já tínhamos cantado essa pedra aqui. O que muitos não viram - alguns com olhos empanados pela ideologia, outros pela visão vesga do processo político - foi que os gestos e ações de Dilma foram rigorosamente racionais no aspecto político. A mobilidade social, pela qual milhões ascenderam a novo patamar da pirâmide, implica também a absorção pelos favorecidos de valores e posturas típicas de classe média, ou seja, em tese isto pode significar espírito mais crítico e mais refratário ao Poder.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1004201102.htm

100 DIAS

PT vê em Dilma ponte para conquistar classe média

Com agenda focada nesse estrato, presidente vira trunfo para ganhar SP

Para segurar avaliação positiva, governo terá de manter a inflação, hoje sua maior dor de cabeça, sob controle

NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

O governo dá seus primeiros passos e setores do PT já veem em Dilma Rousseff a chance de conquistar um eleitorado historicamente refratário à sedução petista: a tradicional classe média.
A expectativa vem das primeiras pesquisas de popularidade. De acordo com o Datafolha, Dilma foi bem avaliada tanto pela classe C, reduto lulista, quanto pelos estratos com renda familiar superior a R$ 5.540.
Esse desempenho alimenta no PT a esperança de furar a hegemonia tucana no Estado de São Paulo.
Nesses cem primeiros dias de governo, Dilma ensaiou pinceladas de uma agenda pop para a classe média.
Exibiu perfil gerencial e toque menos ideológico na política externa. Prometeu, com ministério específico, melhorar as condições da aviação comercial; anunciou corte de gastos; jantou com artistas e foi ao teatro.
Mais: com uma campanha de valorização feminina, a presidente conquistou o apoio expressivo das mulheres, feito "nunca antes" experimentado por Lula.
O programa de erradicação da miséria -pé de Dilma na agenda da pobreza- só deve sair em algumas semanas. Apesar do reajuste dado ao Bolsa Família em março, os maiores flertes foram com a clássica classe média.

VOO PRÓPRIO
Em 2003, Lula teve condições semelhantes às da sua sucessora, mas perdeu apoio no meio do caminho após o escândalo do mensalão. Conseguiu, ao fim do governo, se recuperar, com recordes de aprovação.
Dilma herdou alguns desses ganhos, e teve voos próprios desde a eleição: com Lula, a diferença de popularidade entre os mais ricos e os mais pobres era de 17 pontos no final de 2010. Com Dilma, caiu para 10 pontos.
"É cedo para dizer se é permanente. Mas a agenda dela está quebrando resistência entre mulheres e setores médios, como a mídia. Futuras pesquisas darão avaliação mais pura", afirmou Mauro Paulino, diretor do Datafolha. "Tudo tem que se confirmar à luz da economia", acrescentou.
E é justamente a economia o elemento com poder de frustrar esse "affaire". O risco tem nome: inflação, que é hoje a maior dor de cabeça do Palácio do Planalto.
Sucessivas derrotas em São Paulo levaram o partido à autocrítica. "O PT deve construir agenda que dialogue com os setores médios", define um balanço elaborado pela sigla em 2010. Outro erro "capital", segundo petistas, foi não investir na renovação de quadros.
A senadora Marta Suplicy (SP) e o ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), derrotados em eleições recentes, são os favoritos para a campanha de 2012.
Problema: em 2008, Marta chegou a 53% de rejeição entre os mais ricos. Em 2010, Mercadante bateu 39%. Petistas dizem que é hora de abrir espaço para novos nomes: os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Alexandre Padilha (Saúde) e Fernando Haddad (Educação).
Na reta final da campanha, a rejeição a Dilma na cidade de São Paulo rondava os 49%. Hoje, sua avaliação negativa na capital atinge 8%, num sinal de recuo da resistência à presidente.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-disputa-da-nova-classe-media-politica